domingo, 4 de outubro de 2015

Nordeste

Durante muito tempo, foi conhecido pela “décima ilha”, devido ao isolamento e à falta de comunicações. As horas custavam a passar e tudo parecia demasiado pequeno para se suportar durante uma vida. No romance Gente Feliz com Lágrimas, João de Melo descreve vários episódios que retratam a difícil condição humana dos nordestinos e as viagens épicas a Ponta Delgada. Hoje, chega-se rapidamente, mas são poucos os que chegam. Não há lagoas, caldeiras e fumarolas que atraiam grande quantidade de forasteiros. Os fluxos turísticos estão concentrados entre as Sete Cidades e as Furnas e deixam à margem o Nordeste e toda a costa Este, a mais preservada da ilha. É impossível não ficar impressionado com a exuberância da vegetação, a profundidade dos desfiladeiros e a pacatez das pequenas aldeias situadas à beira-mar. Assim se alcança a Ponta da Madrugada, a finisterra Oriental, depois de percorrer todas as curvas de uma velha e esburacada estrada regional. Entre o precipício e o continente são 1600 km de mar. Por momentos, fica-se a observar, debaixo de um céu de chumbo, a linha do horizonte na mais completa solidão. Como afirmou Onésimo Teotónio Almeida, os Açores serão sempre um território “para quem não tem receio de estar só a contar os matizes de cinzento e a agarrar na palma da mão bocados de tempo parado.”

Centro histórico da vila, com a Igreja Matriz ao fundo.

Traçado urbano no centro da vila.

Ponte dos Arcos.

Farol da Ponta do Arnel.

Ponta do Arnel.

Ponta da Madrugada I.

Ponta da Madrugada II.