Circunstâncias
irrepetíveis levaram-me, em Março, duas vezes a Roma: a primeira, uma viagem
privada, adiada no tempo e incerta até aos últimos dias que antecederam a
partida, devido à entrada da covid em casa; a segunda, uma viagem profissional,
no âmbito do Programa Europeu Erasmus, para apresentar um projeto relacionado
com o património histórico e a sua inserção no currículo nacional. As fotos que
se encontram no blogue resultam desses dois momentos e estão agrupadas em blocos
que correspondem a percursos e associações pessoais: Capital Imperial, Cidade
de Pedro, Extraterritorialidade, Praças, Pelas Ruas e Cinema.
Já
tinha estado em Itália, mas nunca em Roma. Porém, não posso dizer que ela fosse
desconhecida. Ao longo dos anos, fui fazendo uma construção mental da cidade
através de imagens do passado e do presente: capital de um Império da Antiguidade,
urbe dos Papas que a transformaram no epicentro do Renascimento e da
Contra-Reforma Barroca, cenário de dramas e comédias do cinema italiano, palco
para desfiles de moda, montra de marcas de consumo. No regresso, descobri que
aquilo que mais me marcou não fazia parte desse retrato imaginário: a vida nas piazzas, o movimento nos bairros de Monti e Trastevere, as margens e os terraços debruçados sobre o Tibre, o
reconhecimento no vozear cantado de parte da nossa identidade linguística. Tive
sorte. A tranquilidade que a ressaca pós-covid trouxe e a ida num período fora
das grandes massas turísticas permitiram sentir um pouco desse pulsar romano
que tanto me agradou.
Um trio romano: