Mapa de Rodes, a ilha mais oriental da Grécia.
Para quem chega pelo mar, o porto Mandraki é uma possível porta de entrada.
Durante a viagem costeira para Ladiko, vi a maior praia da ilha
acompanhada de um sem fim de hotéis, restaurantes, bares e lojas. Faliraki é um
destino popular que acolhe grupos de veraneantes, sobretudo do norte da Europa.
Mesmo que aparentemente controlada, a massificação torna os lugares
incaraterísticos. Se retirássemos a publicidade e as informações em grego,
Faliraki seria igual a outra vila balnear do Mediterrâneo. Como outras ilhas, Rodes está
associada a belas praias e a uma frenética vida noturna, com o objetivo de
satisfazer os turistas que buscam apenas sol e ócio. Mas Rodes está muito longe
de ser um destino sem substância e anódino. A estátua gigante de Hélios, o legado
dos Cavaleiros Hospitalários de S. João de Jerusalém, a longa presença otomana,
a ocupação italiana ou o extermínio da comunidade judaica marcaram
a identidade de uma ilha, que se insere na confluência entre a Europa e o Médio
Oriente, onde se misturam influências culturais e rivalidades históricas que
chegaram até aos nossos dias. As fotos que se seguem retratam um olhar sobre o
passado e o presente: vestígios de povos que chegaram e partiram, abandonos e
reconstruções, recantos tranquilos e excessos estivais.
Casa onde viveu Lawrence Durrell (20.05.1945 - 10.04.1947)...
Tive um guia prestigiado: Lawrence Durrell. O escritor viveu dois anos em Rodes, durante a ocupação inglesa pós 2.ª Guerra Mundial, e deixou-nos duas obras que, malgrado a passagem do tempo, permanecem atuais em muitos aspetos. Nas páginas de “Reflexões sobre uma Vênus Marinha” e “Ilhas Gregas” estão algumas coordenadas para orientação do leitor, desde pistas de compreensão até exercícios prazerosos: o apreço pelo trabalho de resgate do passado e de desenvolvimento económico realizado pelos italianos, a história do Colosso de Rodes e as discussões relativas à sua localização, a beleza de Lindos e as vistas extraordinárias da acrópole, o gozo inesgotável de caminhar nas muralhas e vielas medievais, o fino verniz cristão ortodoxo que assenta na antiguidade, em que Deuses e Santos convivem com demónios, feiticeiros e curandeiros, entre outras. Durrell escreveu que Corfu e Chipre eram mais bonitas, mas Rodes tinha sido a ilha onde foi mais feliz. Não tive a experiência de dormitar com o silêncio e a serenidade num cemitério turco abandonado, mas partilho com ele que não há mar azul como aquele nem vista como a do Monte Smith ao entardecer.