sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Pelo interior

Breve nota sobre as aldeias fantasma italianas.

     Em meados da década de 30, do século XX, os governantes italianos criaram quatro aldeias no interior de Rodes: San Benedetto (Kolymbia*), San Marco (Agios Pavlos*, Kattavia), Peveragno (Kalamonas*, interdita a visitantes, devido à presença de uma base militar grega) e Campochiaro (Eleousa*), com o objetivo de impor o seu domínio no interior da ilha, através da produção agrícola e exploração florestal. Do norte de Itália vieram agricultores, lenhadores e serradores com o desejo de fugir à pobreza, mas a entrada do país na 2.ª Guerra Mundial alterou os seus planos de vida. A maior parte dos colonos abandonou as aldeias quando os alemães ocuparam Rodes em 1943. As últimas famílias partiram em 1947. 

*Entre parêntesis encontram-se os nomes das aldeias na atualidade. 

Campochiaro era a mais desenvolvida das aldeias. Foi fundada por silvicultores do Vale Fiemme, na região de Trento, no norte de Itália, em 1935. Atualmente, Eleousa tem 135 habitantes. 


Praça central de Eleousa em 2022, a mesma do canto superior direito do postal.
Ao fundo, a igreja católica italiana converteu-se numa igreja ortodoxa grega.

A antiga chiesa chama-se Agios Charalambos.

Na outra ponta da praça, um prédio que foi cinema, sede do Partido Fascista Italiano e, em 1947, após a recuperação da soberania grega, sanatório para tuberculosos. Encerrou em 1970.

Interior do antigo sanatório.

Os edifícios residenciais são os mais interessantes, 
mas estão num avançado estado de degradação.

A torre do centro caiu (ver postal).

Arcadas dos edifícios residenciais.

Interior I.

Interior II.

Interior III.


Interior IV.

Interior V.

Na praça, em frente aos edifícios residenciais, a antiga escola de Campochiaro 
tem novas funções públicas: Sede dos Bombeiros de Eleousa.

O fontanário de Eleousa está bem preservado (ver postal, canto superior esquerdo).

A cerca de 10km de Eleousa, em Profitis Elias, o Hotel Elafos, antigo Albergo del Cervo, inaugurado em 1929, foi recentemente resgatado do abandono e mantém-se como alojamento alpino. O hotel destinava-se a Mussolini, mas o ditador nunca pôs lá os pés. Para saber mais: https://elafoshotel.gr/

Sala de refeições.

Sala de jogos, com fotos da presença italiana.

Fora do contexto das "aldeias fantasma italianas", mas não muito longe de Profitis Elias, 
desloquei-me à região vinícola de Embonas. Adega Kounaki, a mais antiga de Rodes, fundada em 1928. Para saber mais: https://kounakiwines.gr/

Prova de vinhos. Adega Kounaki.
Dispensei os brancos, o rosé e os licorosos. Fiquei, apenas, com os tintos. 
Um final de tarde perfeito!😎