Devido a uma violenta tempestade que se
abateu sobre Sófia, que obrigou ao encerramento do aeroporto, e após uma hora e
um quarto às voltas sobre a capital búlgara, o avião acabou por ser desviado
para Burgas, no Mar Negro. E assim, inesperadamente, aterrámos no outro canto
da Europa, numa cidade onde tinha estado há vinte e sete anos atrás… Resumo do
dia: pequeno-almoço no Porto, almoço em Barcelona, jantar em Burgas. À
meia-noite, partida de autocarro até ao aeroporto de Sófia; às quatro da manhã,
transfer de táxi para Kavadarci; às sete e meia, chegada ao hotel e pequeno-almoço.
E agora, o que fazer? Mergulhar na cama e entrar num fuso horário australiano
ou explorar a cidade, com os ossos amassados?
A água fria do banho inclinou-me para a segunda opção. Paguei a fatura de cansaço à tarde, quando se iniciaram os trabalhos.
Passada a semana e de regresso a Sófia, para
iniciar a viagem aérea para Portugal, fizemos uma paragem a meio do caminho,
para visitar o extraordinário Mosteiro de Rila, o reservatório da cultura e
língua búlgara, durante os anos de ocupação otomana. Tal como a viagem de ida,
a volta não foi muito feliz. Pior: o imponderável foi substituído pela
incompetência. Atraso na partida, paragens sem justificação, condução
desleixada e desconhecimento do percurso levaram à perda irrecuperável de tempo
e consequente cancelamento dos planos previstos para Sófia. Num tempo de orientação
digital, o momento alto aconteceu quando, perdido há mais de uma hora, o
motorista decidiu parar na berma da estrada, para pedir ajuda a um vendedor de
cerejas... Antes descomprimir pelo riso do que explodir de fúria! Rila está
para a Bulgária como Santiago de Compostela está para Espanha. É um dos mais
importantes centros de peregrinação internacional da ortodoxia cristã, rodeado
por montanhas e caminhos florestais. Todos os eslavos conhecem. Infelizmente,
viajámos com os únicos macedónios que desconheciam o local.