No
âmbito do Programa Erasmus, entre 29 de maio e 4 de junho, estive na Macedónia
do Norte, para apresentar um projeto educativo sobre património histórico,
artístico e ambiental a outros parceiros europeus. Fiquei instalado em
Kavadarci, uma cidade de 30 mil habitantes, a cerca de 100km a sul da capital,
Skopje. À partida, nada faria um forasteiro estacionar neste lugar, a não ser
que aí fosse levado por questões de trabalho. Quando se folheia a desconhecida literatura
turística nacional, encontram-se outras propostas mais atraentes em termos paisagísticos
e monumentais. Mas, ficar à margem das rotas mais badaladas ou da voragem do tempo
também pode ter o seu encanto. A tranquilidade que se respira quando se vagueia
pelas ruas de uma cidade de província, a preservação de algumas relíquias de
arte urbana dos tempos da antiga Jugoslávia e a proximidade da região vinícola de
Tikveš são razões
mais do que suficientes para trazer de Kavadarci uma boa recordação.
Além das sessões teóricas e práticas de gabinete, também constaram do programa duas visitas de estudo a Ohrid e a Skopje. A primeira, centrou-se na exploração de diversos lugares à volta do lago, partilhado entre a Macedónia e a Albânia, dos quais se destacam a Baía dos Ossos, onde se situa um aldeamento neolítico assente numa palafita, e o Mosteiro de S. Naum, um dos centros de desenvolvimento do alfabeto cirílico, usado atualmente por várias línguas eslavas. Na capital, deambulei pelo bazar turco, herança de quinhentos anos de ocupação otomana, e por diversas ruas, avenidas e praças, à procura da arte brutalista dos anos 70, perdida entre a modernidade de gosto duvidoso. Entalada por vários vizinhos que ocuparam o seu território na turbulenta história balcânica, Skopje é o reflexo de um jovem país em busca da sua identidade.