Ponte otomana de
Konjic, século XVII, sobre o rio Neretva.
O bunker secreto de
Tito
Casa disfarce que
dá acesso ao bunker, situada a 7 km de Konjic.
Entrada e zona de
descontaminação.
Purificadores de
água.
Painéis
elétricos.
Além da função
museológica, o bunker foi concebido para ser uma galeria de arte.
Material de escritório.
Mapa da
Jugoslávia. A escolha de Konjic não foi por acaso. Situa-se numa zona
montanhosa, afastada do mar Adriático e das planícies do interior. Por outro
lado, encontra-se a uma distância central e equilibrada em relação às seis
capitais das repúblicas que constituíam a federação, o que permitiria, em caso
de conflito, invasão ou ataque nuclear, gerir o país ou organizar a
resistência.
O escritório de
Tito.
O quarto de Tito.
Os aposentos de
Jovanka Broz, esposa de Tito.
Sala de reuniões.
Quarto com
televisão.
Sala de
conferências.
Sala de
comunicações.
Tecnologia “Made
in Yugoslavia”.
Tito terá
visitado o bunker nos anos 70, mas, dado o carácter secreto do local, não há
registo documental.
Com a implementação do Acordo de Dayton, que pôs fim à guerra civil, a Bósnia e Herzegovina manteve as fronteiras da ex-república jugoslava e Sarajevo como capital. No entanto, houve mudanças internas com o estabelecimento de duas entidades políticas autónomas: a Federação da Bósnia e Herzegovina (FBH: croata e muçulmana, 51%) e a República Srpska (RS: sérvia, 49%). As deslocações terrestres refletem a divisão interna, com a existência de duas redes de transporte paralelas: para visitar Konjic e Mostar (FBH) apanhei transportes no centro da cidade; para viajar para Podgorica (Montenegro) dirigi-me à Estação de Autocarros Este de Sarajevo, situada no território sérvio bósnio (RS). Fonte do mapa: https://www.researchgate.net.
Durante a guerra
civil, o Bulevar era a linha que separava cristãos e muçulmanos. Nesta
área encontram-se ainda muitas casas destruídas e infinitos buracos nas
paredes. Além da destruição da Ponte Velha, o símbolo da guerra em Mostar é a
"Torre do Atirador", o antigo Banco Ljubljanska,
que hoje mais parece um esqueleto de cimento.
A arte na
guerra:
Brutalismo
Jugoslavo. Centro comercial Razvitak, 1970.
Dezenas de pessoas aguardam que um nadador mergulhe no rio Neretva. Ponte otomana construída em 1566…
…destruída em
1993…
… e reconstruída
em 2004.
Trinta anos após
o fim do conflito, Mostar continua a ser uma cidade dividida: croatas na margem
ocidental e muçulmanos na margem oriental. O “outro
lado” não é apenas uma questão geográfica. É uma separação cultural, religiosa
e social, observável na forma como o café é servido, no predomínio de
determinados edifícios religiosos, na música que se ouve nos cafés e na apresentação das mulheres no espaço público.
O dia passado em
Belgrado levou ao cancelamento da visita a Višegrad.
Nesta localidade, encontra-se uma ponte que inspirou uma obra literária que é uma referência para quem viaja pelos Balcãs.
A ponte Mehmed Paša Sokolović (1577) é conhecida devido ao romance “A Ponte sobre o Drina”, de Ivo Andrić (1892 – 1975; Prémio Nobel da Literatura em 1961). O livro narra a edificação da ponte e cruza episódios da vida quotidiana com acontecimentos históricos ao longo de quatro séculos: passagem de exércitos, encontros de culturas, conspirações políticas, interdições temporárias, fim de impérios. Mais do que uma estrutura física, a ponte é uma metáfora da complexa e tumultuosa História dos Balcãs. Fonte da foto: www.wikipedia.pt
Fui introduzido à “A Ponte sobre o Drina” nos anos 90, em que os conflitos resultantes da
desintegração da Jugoslávia animavam as acaloradas e líquidas tertúlias no Café
Amizade, na Póvoa de Varzim. À época, o título era citado por jornalistas
especializados (Carlos Santos Pereira, na RTP, e Pedro Caldeira Rodrigues, no
Público), mas era impossível encontrá-lo nas livrarias. A edição da
Europa-América, publicada em 1962, estava fora de mercado. Foi um amigo que me emprestou
o livro que se encontrava na biblioteca que pertencera ao seu pai (ainda
conservo um exemplar fotocopiado!). Uma nota final sobre a capa da edição da
Cavalo de Ferro de 2007: em vez de ter colocado uma imagem da Ponte de
Višegrad, o editor preferiu uma espécie de “Ponte do Diabo” (Misarela,
Montalegre) …
Não pude ir a Višegrad, mas encontrei Ivo Andrić em Belgrado.