domingo, 31 de agosto de 2025

Do Lago Ohrid ao Mar Adriático

 

Lin é uma pequena aldeia de pescadores nas margens do Lago Ohrid. É a povoação continuamente habitada mais antiga da Europa. No verão de 2023, os arqueólogos descobriram um aldeamento de palafitas submerso com 8.500 anos.


Um lago como se fosse uma piscina privada.


As cores da água vistas do cimo da pequena península.


O bunker de Lin é, provavelmente, o mais fotogénico do país. O interior foi convertido numa pequena capela ortodoxa, com ícones pendurados nas paredes e velas no chão. Em 2022, estive no outro lado, na Macedónia do Norte.


No cimo da península, há uma igreja paleocristã do século VI.


Os mosaicos combinam desenhos geométricos e figurativos que retratam a flora e a fauna do ecossistema do lago misturados com imagens eclesiásticas. Descobertos em 1967, a estrutura foi mantida em segredo pelo regime comunista, por causa da ligação religiosa.


Uma casa na aldeia com o símbolo do país, a águia bicéfala.


Vendedoras de produtos hortícolas conservados em vinagre.


Um café à beira lago.


Estação de caminho de ferro de Lin abandonada, tal como a maior parte da estrutura ferroviária do país.


Uma mina de ferro e níquel abandonada em Prrenjas.


As torres da mina foram pintadas com 1380 joaninhas.


O complexo siderúrgico Kombinati Metalurgjik, situado nos arredores de Elbasan, foi construído no início dos anos 70 e contou com ajuda técnica e financeira da China até ao rompimento das relações em 1978. O “Aço do Partido” foi a maior empresa da Albânia. No auge, empregava 12 mil trabalhadores. Nos anos 90, a produção cessou com o fim do regime. Na atualidade, apesar dos riscos ambientais para a saúde e a segurança das populações, a área está surpreendentemente com vida. Alguns edifícios transformaram-se em oficinas, os espaços abertos tornaram-se ferros-velhos e as pessoas cultivam vegetais em terrenos circundantes. Lembrei-me de “A Estrada”, uma ficção pós-apocalíptica.

Dois ensaios fotográficos para apreciadores de arqueologia industrial:

https://www.alfreddiebold.de/portfolio/stories/elbasan-kombinati-metalurgjik/

https://phmuseum.com/projects/steel-of-the-party


Construções neoestalinistas nos arredores de Tirana.


De regresso a Tirana nas traseiras de um autocarro.


Homenagem à luta pela libertação do país, em Berat.


Berat, Cidade das Mil Janelas, Património UNESCO.


Do lado esquerdo, o bairro Mangalem, muçulmano; do lado direito, o bairro Gorica, cristão ortodoxo. Esta divisão histórica não tem correspondência no presente.


Boulevardi Republika.


Nova Berat vista do castelo.


Gorica vista do castelo.


O minarete da Mesquita Vermelha no bairro Kalaja (Castelo).


No bairro Castelo, há uma cidadela com moradores permanentes e edifícios de várias épocas.


Busto de Constantino.


Em Rruga Mihal Komnena, na rua que sobe em direção ao castelo, encontra-se o Museu Salomão, gerido pela viúva do fundador. O Museu Salomão retrata a vida dos seiscentos judeus que procuraram refúgio em Berat durante o Holocausto. Eles vieram de vários países europeus e foram acolhidos por famílias cristãs e muçulmanas, sendo este o único lugar ocupado pelos nazis onde a população judaica aumentou durante a 2.ª Guerra Mundial. No fim do conflito, a maioria foi para Israel e os EUA. Duas notas finais: num contexto de isolamento internacional e da proclamação do Estado Ateu (1967), este facto histórico apenas foi reconhecido e divulgado no início do século XXI; por último, passados 80 anos, o que dirá a consciência dos netos e bisnetos dos sobreviventes perante a tragédia em Gaza?


A entrada da Albânia na minha idade adulta fez-se através do filme “Lamerica”, de Gianni Amelio (Itália, 1994). Baseado num episódio verídico, a viagem do navio Vlora que transportou milhares de refugiados de Durrës para Bari (08.08.1991, fonte da foto: www.wikipedia.pt), o filme narra a história de dois empresários italianos que chegam à Albânia com o intuito de abrir um negócio de fachada, aproveitando-se da ingenuidade e da corrupção locais. O plano acabou por afundar-se no caos político e social do país tal como o protagonista que acaba diluído na imensidão de andrajosos e de rostos marcados pela miséria. À época, as imagens finais do navio abarrotado com emigrantes desesperados foram um choque inimaginável em solo europeu e um prenúncio do drama em que se transformaria o Mediterrâneo nas décadas seguintes.


Anfiteatro romano de Durrës.


Museu dos Mártires da 2.ª Guerra Mundial.


Detalhe do mosaico realista.


O museu está fechado. Um polícia disse-me que estava em remodelação, mas não vi qualquer sinal de obras. Num ambiente de abandono, há quem não se esqueça dos antepassados.


Bulevardi Dyrrah em direção à marginal.


A caminho da Royal Villa ia tropeçando num bunker…


A Royal Villa é uma reminiscência da monarquia albanesa (1928-1939). Foi construída em 1937 para o autoproclamado rei Zog I, que só conseguiu desfrutar da residência por um ano. Durante o período comunista, tornou-se um espaço de receção para visitantes ilustres. Em 1997, foi saqueada durante os distúrbios que varreram o país. Hoje, está à espera de melhores dias.


Salão de entrada e escadaria de acesso aos pisos superiores.


Uma receção ao rei Zog I no salão principal. Neste espaço estão expostas fotografias da época, que retratam a cidade e a residência de verão nos anos 30 do século XX.


O salão como era…


… e como está na atualidade.


O porto de Durrës visto da varanda.


Entrada no porto de Durrës. Ao contrário do passado recente, o local está organizado e tem segurança permanente. Uma parte do gradeamento serve de expositor artístico.


Visão do passado.


Projeção do futuro.


Uma televisão albanesa com perfil filosófico.


Homenagem à resistência albanesa perante a ocupação italiana.


Sfinksi, ex-Volga Promenade, a marginal de Durrës.


Marginal.


Os Albaneses.


No Mar Adriático.