Praça Skanderbeg,
centro de Tirana, anos 80. Postal adquirido num antiquário em Krujë.
Praça Skanderbeg,
2025. À direita, o Palácio da Cultura. Inclui o Teatro Nacional de Ópera e
Ballet da Albânia. O ex-presidente soviético Nikita Khrushchev colocou o
primeiro tijolo em 1959. O edifício foi concluído em 1966, cinco anos após a
rutura albanesa-soviética. À esquerda, o Hotel Intercontinental Tirana
(amarelo) domina as vistas sobre a praça.
Amanhecer com os
“Olhos de Tirana”.
O painel realista
“Os Albaneses” na fachada do Museu de História Nacional (fechado para
renovação). O trio do centro representa a Albânia dos anos 80, em que os
trabalhadores assumiam o controlo do país e marchavam em direção a um futuro
radioso.... Li vários artigos sobre este mosaico. Saudosos do antigo regime
defendem que esta obra de arte, que celebra a classe trabalhadora, não deveria
existir num país onde a maioria dos jovens quer viver num “paraíso”
capitalista, em que muitas das jovens trabalham em clubes noturnos europeus e
em que as principais exportações do país são bandidos e assassinos… Por outro
lado, as autoridades locais defendem que a cidade deve incorporar a arte de
qualidade de todos os períodos históricos, desde as vilas italianas, passando
pelos edifícios estalinistas até ao estilo internacional.
Entardecer na Praça Skanderbeg:
Edifício em
construção nas traseiras do Palácio da Cultura.
Casa das Folhas,
a sede da Sigurimi, os serviços secretos e de segurança albaneses.
Uma coleção de
aparelhos de gravação de voz e imagem.
Laboratório
químico.
Laboratório
fotográfico.
No capítulo
final, o balanço de 45 anos de regime comunista é o seguinte: 5.487 executados,
24.155 sentenciados com penas de prisão entre 3 a 35 anos, 70.000 internados (população
em 1990: 3.257.000 habitantes).
A estrutura
original da Pirâmide foi projetada por Pranvera Hoxha (filha de Enver Hoxha) e
pelo seu marido, para criar um museu dedicado ao líder comunista. Após a queda
do regime, teve outras vidas. Em 2014, estava ao abandono. Fonte da foto: www.wikipedia.pt.
.
A Pirâmide em
2025. A estrutura salvou-se da demolição para ser transformada num centro
cultural, artístico e tecnológico. Foi reabilitada em 2023 pela empresa de
arquitetura holandesa MVRDV.
Os arquitetos
preservaram um desporto local: subir ao topo da Pirâmide.
Tirana vista do
cimo da Pirâmide.
O interior da
Pirâmide em 1990. Mausoléu de Enver Hoxha.
“Livre” é um
retrato das vivências de Lea Ypi na Albânia dos anos 80 e 90 até o país cair na
desgraça e a sua família ser obrigada a emigrar. As suas memórias são uma
descrição da ação e do pensamento ingénuo juvenil, calibradas com a lucidez da
idade adulta e um olhar sem ilusões românticas sobre o presente. O livro está
dividido em duas partes: a primeira é marcada pelos códigos de linguagem que a
sua família criou, para protegê-la da opressão e que serão revelados com o fim
do regime comunista; a segunda descreve a transição caótica para o liberalismo,
com a proliferação de esquemas financeiros, crime organizado e desastre
humanitário. O epílogo é uma reflexão sobre a liberdade e as suas
circunstâncias. Como se sobrevive quando nos é imposta à bruta ou quando nos
deixa promessas e sonhos por cumprir? A robustez psicológica da avó e o sentido de humor do pai
prepararam-na para enfrentar a realidade e manter a luta como imperativo moral.
Atualmente, Lea Ypi é professora de Teoria Política na London School of Economics.

Casa de Enver
Hoxha, Vila 31, bairro Blloku. Construída em diversas fases: projeto inicial,
1942; ampliações em 1970 e 1980. Depois de três décadas fechada, tornou-se,
recentemente (maio 2025), uma residência artística, com aberturas pontuais
ao público, para divulgação de exposições. A gestão da casa está a cargo da
empresa francesa Art Explora. Nos dias que passei em Tirana, estava encerrada.
Contudo, é possível espreitar o interior no sítio que se segue e ver, entre
outras curiosidades, a biblioteca (com livros proibidos para a população) e a piscina
privada: https://photoawards.com/winner/zoom.php?eid=8-209141-21
Blloku era o
bairro da elite do partido. Até 1991, esteve interdito à população. Hoje, é a
área mais movimentada da cidade, com hotéis, bancos, restaurantes, bares e
lojas de marca. Nem todas as vilas e apartamentos estão bem preservados, mas
todos os negócios instalados nos rés-do-chão dos edifícios estão impecáveis. Outra
observação: o parque automóvel que se vê no centro de Tirana, em particular, em
Blloku, é, em geral, novo e topo de gama.
Postblloku/Checkpoint
é um memorial que homenageia os prisioneiros políticos do regime comunista. Foi
concebido como uma instalação artística pelo ex-dissidente Fatos Lubonja e pelo
artista Ardian Isufi. Lubonja esteve treze anos em trabalhos forçados e outros
quatro em prisão solitária por criticar o regime de Hoxha. O monumento é
composto por três elementos principais: um bunker, blocos de cimento do campo
de trabalho/prisão de Spaç (norte do país) e um pedaço do Muro de Berlim (não
aparece na fotografia).
O Instituto
Nacional de Arqueologia e, nas traseiras, a torre do Hotel Mariott e a Arena
Air Albania.
As linhas
clássicas do edifício de inspiração estalinista.
Nas traseiras do
edifício, uma águia (símbolo do país) que parece a cauda de um cachalote.
O Palácio dos
Congressos era o local onde o Partido do Trabalho da Albânia (em albanês:
Partia e Punës e Shqipërisë abreviado PPSh) defendia a pureza ideológica do
regime.
A Biblioteca
Nacional tem dois motivos de interesse: o alto relevo na fachada e a exposição
de cartazes de propaganda comunista.
O aspeto
austero-antropológico da receção.
O tio Sam alimenta um bebé nazi. Um cartaz que,
ironicamente, mantém alguma atualidade…
Durante o período
comunista, diplomatas, convidados do regime e visitantes internacionais ficavam
alojados no Hotel Dajti. Os quartos estavam sob escuta da Sigurimi. Atualmente,
pertence a um banco.
Bulevardi
Dëshmorët e Kombit, centro de Tirana.
Túnel de acesso
ao Bunk`Art 1, arredores de Tirana. Uma das marcas
mais visíveis e conhecidas do legado de Enver Hoxha são os bunkers de betão que se encontram por todo o país. O Bunk`Art 1 refere que o plano
aprovado pelo partido, em 1971, previa a construção de 221.143, mas apenas
foram construídos, entre 1975 e 1983, 173.371. Com o
tempo, tornaram-se um símbolo da paranoia de um líder que aguardava uma invasão
que nunca chegou. Após o fim do regime, a maioria ficou ao abandono, enquanto
alguns ganharam novas vidas como os Bunk'Art 1 e 2, antigos abrigos subterrâneos
reconvertidos em galerias de arte que contam a História da Albânia no século
XX.
Entrada no Bunk`Art
1 destinado a acolher a elite político-militar, em caso de ataque nuclear. A
construção começou em 1972 e terminou em 1978. O bunker é constituído por 5
andares subterrâneos e 106 divisões. A ideia surgiu após uma visita do Ministro
da Defesa à Coreia do Norte, em 1964.
Quarto do Enver
Hoxha.
Escritório do
Enver Hoxha com um rádio a transmitir, continuamente, os discursos do líder.
O retrato do
artista enquanto jovem.
Eleições
democráticas na Albânia, 2 de dezembro de 1945, após a libertação do país da
ocupação nazi. Realce para a preocupação das autoridades em evitar enganos da
população…
Inauguração da
estátua Skanderbeg, na praça homónima, em janeiro de 1968.
Inauguração do
bunker, 24 de junho de 1978. Com o telefone que está exposto, Enver Hoxha fez
uma chamada telefónica para a ilha Sazani, no sul do país, para testar as
comunicações.
Cortejo fúnebre
de Enver Hoxha, na Praça Skanderbeg, 15 de abril 1985.
No quarto do Primeiro-Ministro, uma televisão transmite o funeral de Enver Hoxha. O apurado estilo meteorológico-mitológico-sentimentalista norte-coreano de lidar com a morte dos líderes teve precedentes num obscuro país europeu. Ouçamos o eloquente repórter da televisão albanesa: «Até a natureza lamenta a perda de um dos maiores revolucionários da nossa era. Sempre que o Camarada Enver aparecia na tribuna, a 1 de maio, o tempo mudava, com o sol a surgir por entre as nuvens. Hoje até os céus choram. (…) O país chora o estratega inteligente que organizou a resistência ao fascismo italiano, o general brilhante que derrotou os nazis, o pensador revolucionário que se desviou tanto do oportunismo quanto do sectarismo, o glorioso estadista que resistiu às tentativas dos revisionistas jugoslavos para anexarem a nossa amada nação, o político que nunca se deixou cair nas conspirações imperialistas anglo-americanas e que nunca se rendeu às pressões revisionistas soviéticas e chinesas. (…) Iremos sentir a falta dele. A dor é enorme. Teremos de aprender a transformar a dor em força. Iremos fazê-lo amanhã. Hoje a dor é simplesmente demasiado grande». Fonte: “Livre”, Lea Ypi, páginas 63-64.
O medo de um
ataque nuclear.
Sala de reuniões
para a elite político-militar.
O dia a dia da
população. Uma loja do partido com venda de produtos racionados. Os objetos no
chão sinalizam a marcação na fila, para a abertura do estabelecimento.
A Assembleia
Nacional para acolher os deputados. É antecedida por um salão e um bar.
Bunk`Art 2, no
centro de Tirana, pertencente ao Ministério do Interior.
Enquanto o
primeiro tem como temática a História da Albânia, desde a ocupação italiana até
à queda do comunismo, o Bunk`Art 2 destina-se a exibir a violência do regime
sobre a população. Tendo visitado, anteriormente, o Centro de Memória, em
Shkodër, e a Sede dos Serviços Secretos, em Tirana, entendi que já tinha a
minha dose suficiente de repressão.
A mescla
arquitetónica do centro de Tirana: italiano, estalinista e internacional.
Alguns edifícios do período comunista estão a ser restaurados, com cores vivas ou com arte de rua.
Parque Rinia no
final da tarde.
Bazar de Tirana,
rendição pelo cansaço.
No interior da
Mesquita Ethem Bej. Construída pelos otomanos em 1789, fechada durante o
período comunista e reaberta em 1991.
Viajar. Chega-se
a um terminal de autocarros (há vários em Tirana, de acordo com os destinos
nacionais e internacionais) e aguarda-se que os motoristas anunciem o destino.
O condutor do lado esquerdo levou-me para Durrës. Era o irmão gémeo do Rui
Borges, o treinador do Sporting.
Café-Museu
Komiteti, decoração vintage cobrindo várias épocas históricas do país.
Leituras para o
café.
Nota de um lek
pré-1991. A moeda mantém-se em uso, mas com novos grafismos.
Bunker 1944,
bairro Blloku. Bar debaixo de um bloco de apartamentos.
Ambiente kitsch anos
80, na decoração e música.
Suplemento vitamínico no final de um dia de trabalho.