Últimos metros na
Bósnia-Herzegovina. Depois da ponte de um só sentido, começa o Montenegro.
A estrada
acompanha o cénico desfiladeiro de Tara…
… entre túneis e
curvas.
Paragem para
almoço em Plužine.
Brutalismo
Jugoslavo. Estação de Camionagem Podgorica. Final da 1.ª etapa de viagem.
Podgorica é uma
forte candidata ao título de “Capital Mais Feia da Europa”. Mas, há sempre
alguma luz no meio da escuridão.
A bordo do
autocarro Podgorica – Shkodër, no norte da Albânia, 2.ª etapa de viagem.
Capitalismo dentário em ação.
Postal
albanês de 1988 (antes da queda do regime) comprado num antiquário do bazar de Krujë.
Na minha juventude, a Albânia era o país mais enigmático do continente europeu.
Pouco ou nada sabíamos para além do nome da sua capital e da desconfiança em
relação ao exterior. Durante o período comunista (1945 - 91), era um dos regimes
mais fechados do mundo, onde poucos entravam e ninguém saía. As raras
oportunidades para visitar o país surgiam através de um jogo de futebol
internacional (o Sporting jogou em Tirana, em 1985) ou de visitas patrocinadas
pela Associação de Amizade Portugal – Albânia. No arquivo Ephemera, do José
Pacheco Pereira, encontram-se alguns relatos de viagem à “terra do homem novo”
que, lidos a esta distância temporal, podem ser interpretados como alucinações
num país invisível.
https://ephemerajpp.com/2014/04/18/albania/
Sala de estar do
“Mi Casa es Tu Casa”. Alma Bazhdari Narali é a proprietária desta casa-museu
com mais de 200 anos, aberta ao mundo em 2014 na forma de hostel. Ao longo do
tempo, a casa teve vários proprietários, incluindo o Estado durante o período
comunista, tendo sido devolvida à família em 1991. Além da partilha de memórias
e objetos de muitas vidas, preparam-se refeições com produtos ecológicos,
cultivados num terreno nas proximidades, e protege-se a vida animal, com a
adoção de cães. “Mi Casa es Tu Casa” não é apenas uma cama para dormir. É um
lugar que dá um sentido à sua existência.
Mapa da Albânia
no principal corredor do hostel.
A fotografia
tirada em frente à casa retrata o casamento dos antepassados de Alma Bazhdari
Narali, em 1930.
Pietro Marubi
(1832-1903) foi um artista italiano, pioneiro da fotografia na Albânia e nos
Balcãs, que passou a maior parte da sua vida em Shkodër. Durante sete anos, foi
um dos proprietários da “Mi Casa es tu Casa”.
Interior dos
antigos Estúdios Marubi - Museu Nacional de Fotografia. Durante três gerações,
os Marubi produziram 150 mil negativos que retratam a Albânia desde a época
otomana até 1945.
Entrada no Museu
da Memória, um edifício que pertenceu ao Ministério do Interior durante o
regime comunista, que funcionou como centro de detenção e tortura.
Celas prisionais.
Sala de
interrogatório e tortura.
Vidas que passaram
por aqui. Lekë Tasi, artista e músico albanês. Esteve preso durante 15 anos.
Museu do Ateísmo.
A Albânia tornou-se, oficialmente, um Estado Ateu em 1967.
Antigo Museu do
Ateísmo/Atual Banco Intesa S. Paulo. Mudam-se os tempos, mudam-se os templos.
Avenida
Skanderbeg, centro de Shkodër. A velha e a nova Albânia.
Entardecer na Rruga
Kole Idromeno, o início da zona pedonal e comercial de Shkodër.
Entrada numa loja
de roupa interior feminina, na Rruga Kole Idromeno. Um cartaz publicitário
impossível durante o regime comunista, mas possível em liberdade no país com a
maior população muçulmana da Europa.
Cavalos à solta a
caminho do Lago Shkodër.
Lago Shkodër.
Shiroke, Lago Shkodër.
Bazar de Krujë.
Existem alguns
antiquários onde se pode encontrar memorabilia do regime comunista, como medalhas, condecorações ou postais albaneses pré-1991. Num período de profunda
transformação da paisagem urbana, social e natural do país, essas imagens têm
uma relevância acrescida.
Krujë foi o
centro da resistência albanesa à ocupação otomana protagonizada por Skanderbeg
(c.1405 – 1468). No interior do castelo, há um museu dedicado ao herói da
História da Albânia desenhado pela filha de Enver Hoxha, Pranvera Hoxha. Além
da estética da época, talvez seja o lugar onde se pode aprender mais sobre a
mentalidade de cerco que está enraizada na identidade albanesa. De salientar,
ainda, as referências históricas das migrações albanesas para o sul de Itália e
a Sicília, após a morte de Skanderbeg, para escaparem ao avanço e domínio
otomano. Estes emigrantes, conhecidos como Arbëreshë, fundaram comunidades que
preservaram, até aos nossos dias, a sua língua, cultura e rito bizantino.
Skanderbeg e os
seus companheiros numa pose que lembra os painéis realistas.
No interior, um
misto de fantasia romântica medieval com espírito revolucionário.
O espírito de resistência de Skanderbeg devia inspirar os jovens soldados.