O
Pico é a segunda maior ilha do Arquipélago dos Açores, tem menos de 15 mil
habitantes, distribuídos por três concelhos: S. Roque do Pico, Madalena e Lajes
do Pico. Instalei-me no primeiro. A vila é um composto de pequenos grupos de
casas: o Cais, com uma frente marítima; S. Roque, mais interior, centralizado
em redor do Convento de S. Pedro de Alcântara (séc. XVIII), actual Pousada da
Juventude.
S.
Roque do Pico e Madalena partilham uma posição geográfica de ligação numa ilha
grande, mas periférica, mesmo no contexto açoriano. Dada a sua localização em
relação às ilhas vizinhas, o canal de S. Jorge e o canal do Faial levaram à
criação de nós de tráfego marítimo, sem, no entanto, determinar a superioridade
de uma em relação à outra. Apenas as Lajes, na costa sul, onde se instalaram os
primeiros povoadores, conserva no seu casario alguns sinais de uma maior
importância, entretanto perdida… Em resumo, as três vilas equivalem-se em
dimensão, pequenez e tranquilidade. Vitorino Nemésio, em O Corsário das Ilhas, avança com uma explicação: “Das ilhas maiores
só uma, - o Pico, - não chegou a atingir densidade citadina. O seu dispositivo
montanhoso maciço, a porosidade do seu solo pouco propício à agricultura e
impróprio para a pastorícia de prados especializaram-na na pesca, no vinho e
nas frutas, - três géneros de actividade que, por si sós, dificilmente geram
mesteirais e mercadores, ou seja o húmus dessa coisa febril e às vezes
monstruosa que se chama cidade”.
O cais de S. Roque do Pico continua com a sua
frente marítima inalterável.
Fonte: picarotto.blogspot.com (sem elementos de
identificação: autor e data).
O Convento S. Pedro de Alcântara/Pousada da Juventude
foi o meu quartel-general.
Claustro do Convento S. Pedro de Alcântara.
A memória da baleação está sempre presente, mesmo
num passeio calcetado.
Bancos
e passeio calcetado no cais de S. Roque. Ao fundo, S. Jorge.
Monumento ao Baleeiro.
Cais de S. Roque do Pico visto da Praceta dos
Baleeiros.
Beco dos Baleeiros.
Museu da Indústria Baleeira. Antiga Fábrica da
Baleia Armações Baleeiras Reunidas, Lda. Laborou entre 1949-1984.
Fotografia do exterior da fábrica (sem elementos de
identificação: autor e data). Pátio de desmancho e rampa de varagem de
cachalotes. A cabeça era separada do resto do corpo e dela se extraía o óleo de
melhor qualidade (espermacete), para a produção de ceras e pomadas. Do
intestino, retirava-se o âmbar gris, substância gordurosa e inflamável, de
cheiro fecal, destinado à perfumaria. Rodrigo Guerra, numa foto reportagem
sobre a caça à baleia no Pico, na revista Ilustração
Portuguesa, em 28 de Fevereiro de 1910, remata-a do seguinte modo: “Mal
imaginas tu, gentil mulher, ao apeares-te do teu automóvel e ao entrares no
salão de S. Carlos, que o perfume evolado dos teus ombros nus, do teu cabelo
loiro, veio do intestino do cachalote e dos resíduos da sua digestão!”
Autoclaves do toucinho e dos ossos para produção de
óleos e farinhas para rações e adubos.
Lagoa do Capitão. Planalto a 860 m. Arredores de S.
Roque do Pico.
Miradouro Corre Água sobre S. Roque do
Pico.