sábado, 20 de setembro de 2014

Urzelina

O nome da freguesia remete para urzela, uma planta tintureira importante na economia açoriana quinhentista. Torre da antiga igreja, único vestígio que sobreviveu à erupção vulcânica de 1808.

Na Urzelina, ouvi de um engraçado habitante das Manadas (freguesia vizinha) uma das frases mais curiosas que registei nesta viagem: «Quando vou a S. Miguel, perguntam-me: “Então, quando regressas às ilhas?” Às ilhas!?... Esses tipos vivem onde? Os micaelenses têm a mania que vivem num continente!» Uma variante insular do “Lisboa é capital, o resto é paisagem”. Lavas petrificadas junto às piscinas, com vista para o Pico.

Cais da Urzelina. Ao fundo, do lado direito, o pequeno museu etnográfico, instalado no antigo armazém de laranjas e dos botes baleeiros. No cais, há um painel de azulejos onde se refere que “a Urzelina é a Sintra de S. Jorge”. A freguesia é acolhedora, está enquadrada num belo cenário natural, possui algumas casas senhoriais, mas a afirmação é claramente exagerada. Castelo de Vide, no Alto Alentejo, também reclama este título. No Cabo da Roca, concelho de Sintra, o posto de turismo vende certificados a atestar a presença no ponto mais ocidental da Europa. Em abono da verdade, esse marco geográfico pertence ao Ilhéu de Monchique, nas Lajes das Flores. Enfim, anda meio mundo a enganar outro.

Interior do museu etnográfico da Urzelina, com diversas alfaias agrícolas e objetos do quotidiano doméstico. No primeiro plano, uma carruagem que pertenceu a Francisco de Lacerda.