O nome da freguesia remete para urzela, uma
planta tintureira importante na economia açoriana quinhentista. Torre da antiga
igreja, único vestígio que sobreviveu à erupção vulcânica de 1808.
Na Urzelina, ouvi de um engraçado habitante das
Manadas (freguesia vizinha) uma das frases mais curiosas que registei nesta
viagem: «Quando vou a S. Miguel, perguntam-me: “Então, quando regressas às
ilhas?” Às ilhas!?... Esses tipos vivem onde? Os micaelenses têm a mania que
vivem num continente!» Uma variante insular do “Lisboa é capital, o resto é
paisagem”. Lavas petrificadas junto às piscinas, com vista para o Pico.
Cais da Urzelina. Ao fundo, do lado direito, o pequeno
museu etnográfico, instalado no antigo armazém de laranjas e dos botes
baleeiros. No cais, há um painel de azulejos onde se refere que “a Urzelina é a
Sintra de S. Jorge”. A freguesia é acolhedora, está enquadrada num belo cenário
natural, possui algumas casas senhoriais, mas a afirmação é claramente
exagerada. Castelo de Vide, no Alto Alentejo, também reclama este título. No
Cabo da Roca, concelho de Sintra, o posto de turismo vende certificados a
atestar a presença no ponto mais ocidental da Europa. Em abono da verdade, esse
marco geográfico pertence ao Ilhéu de Monchique, nas Lajes das Flores. Enfim,
anda meio mundo a enganar outro.
Interior do museu etnográfico da Urzelina, com
diversas alfaias agrícolas e objetos do quotidiano doméstico. No primeiro
plano, uma carruagem que pertenceu a Francisco de Lacerda.