Antes
de regressar a Tbilisi, passei a minha última noite no antigo sanatório militar
de Tskaltubo, o único que está, no momento, em funcionamento. Além da
experiência irrepetível, permitiu-me o acesso a outras espaços do complexo que,
de outra forma, estariam indisponíveis para visitantes externos. Beneficiei de um desconto no booking.com, mas se tivesse pago o preço tabelado, teriam valido, na mesma, todos os euros gastos.
Antigo
sanatório para membros do Ministério da Defesa da União Soviética, o Tskaltubo
Spa Resort reabriu em 2011, após 20 anos encerrado. Durante esse tempo esteve permanentemente vigiado pelo exército e nunca
foi ocupado por refugiados. Em consequência, não sofreu uma degradação tão
acentuada, o que facilitou a sua recuperação. Hoje, tal como no passado, não se
pode entrar livremente. Depois de passar pela segurança e fazer o check-in na
receção, recebi uma pulseira, para sinalizar a entrada e dar acesso livre à
propriedade.
A parte principal tem um desenho simétrico, com duas alas idênticas ligadas a um restaurante em forma de rotunda. A ala norte, onde ficam a receção e os quartos, tem o mesmo aspeto de outrora: uma bela estufa, com grandes janelas e dezenas de plantas. Pelos corredores há antigos extintores, aquecedores originais e caracteres russos estampados em algumas das portas. A ala sul permanece por recuperar.
Uma das atrações deste antigo sanatório militar é a existência de vários compartimentos de acesso restrito, que foram relevantes no período soviético. Depois de perguntar na receção, fui acompanhado pelo Diretor até dois deles: o pequeno museu informal e a magnífica sala de concertos. Na manhã seguinte, guiado pela sua filha e acompanhado por um casal norte-americano igualmente interessado neste local, vi a suite de Estaline e a ala sul. O Tskaltubo Spa Resort é um ícone do seu tempo e uma memória indelével para os hóspedes.
Página oficial do hotel: http://sanatoriumi.ge/
Entrada principal.
Entrada lateral.
Receção.
Quarto do General Pavel. Mobília vintage, roupão e chinelos.
Além da casa de banho, o quarto tinha uma sala de estar com varanda e estava equipada com duas televisões, que ficaram em silêncio durante a minha estadia.
Corredor de acesso aos quartos.
No exterior, há uma piscina e vários espaços verdes. Caminhar pelos jardins é voltar ao tempo em que este lugar era um dos mais desejáveis da União Soviética. Dei uma volta de reconhecimento, mas não usufrui da piscina. Eu estava cá por outros privilégios de hóspede.
Ala norte restaurada. A parte superior funciona como ponte.
Bar.
Principal sala de refeições. Não jantei no hotel, mas, na manhã seguinte, tomei aqui o pequeno-almoço buffet.
Vista da varanda a partir da principal sala de refeições.
Pequeno museu informal instalado num café para altas patentes. Aqui foram recolhidos diversos objetos encontrados no sanatório militar: Marx, casacos, chapéus, telefones, livros, fotografias, cartazes, discos de vinil, instrumentos musicais e máquinas de escrever.
Tolstoi numa prateleira com livros e fotografias.
Telefone vermelho com linha direta ao Ministério da Defesa, em Moscovo, e uma caixa de ligações telefónicas com o seguinte aviso: "Cuidado, Camarada! O inimigo está sempre à escuta!"
Cartaz com instruções sobre o acesso ao bunker, em caso de ataque nuclear. Não se pode visitar, mas ele existe.
Sala de concertos. Chão parquet, cadeiras com veludos vermelhos almofadados, varanda verde-menta sobre a plateia e telhado abobadado ornamentado.
Da plateia para o palco. Atualmente, além de concertos, também são organizadas conferências.
O custo era bastante elevado. A requisição da limpeza/manutenção anual do candeeiro era assinada pelo Ministro da Defesa.
Edifício em rotunda onde se situa a principal sala de refeições. Na manhã seguinte, após o pequeno-almoço, continuei a explorar o complexo.
A ala sul é uma cápsula do tempo.
Corredor interno da ala sul.
Na suite de Estaline.
Sala de estar, com o samovar e os copos sobre a mesa. O chá estava frio...
Escritório da suite.
Tendo em consideração o abandono de mais de 30 anos, a ala sul está bem preservada.
Receção na ala sul.
Numa ala de acesso aos quartos. Nesta altura, John, o norte-americano, perguntou à Ana, a filha do Diretor, se conhecia o filme "Shining" (1980), de Stanley Kubrick. Ela disse que "não", mas, após o nosso relato, ficou com interesse em vê-lo.
Ainda na ala sul.
Numa sala de espera entre andares.
No exterior da ala sul, há uma magnólia plantada, em 1965, por Yuri Gagarin, o primeiro homem no Espaço.
A visita guiada terminou junto da magnólia. Não sei se, alguma vez na vida, voltarei a ficar num lugar tão marcante como este.