Tskaltubo
era o local que cumpria o sonho da eterna juventude ou que retardava o
envelhecimento. Acreditava-se que as suas águas minerais eram boas para as
maleitas que chegam com a meia idade. No período soviético, tornou-se a mais
importante cidade termal da Geórgia e uma das mais populares da URSS. Nos
tempos áureos, havia comboios diretos de Moscovo e a cidade recebia 125 mil
visitantes por ano. Todos os cidadãos tinham direito a duas semanas de férias
pagas, cumprindo o direito constitucional ao descanso. Os trabalhadores
recebiam putevski (sim, putevski, путевки, a palavra russa para vales!) que
podiam usar nas instalações turísticas do Estado. Enquanto as férias ocidentais
eram vistas como ócio e consumo decadentes, as férias comunistas serviam o
propósito de recuperação para o trabalho. Estaline também apreciava as termas.
Tinha uma datcha, um quarto privado no sanatório do Ministério da Defesa e uma
piscina exclusiva no balneário 6.
Com
o fim da União Soviética, Tskaltubo entrou em decadência profunda. Não havia
dinheiro para manter estruturas megalómanas e pagar férias. Os sanatórios foram
progressivamente abandonados e pilhados. Em 1993, em consequência da guerra da
Abecásia, algumas instalações foram ocupadas por milhares de refugiados. Aquilo
que era para ser temporário tornou-se permanente e os novos inquilinos usaram o
que tinham em redor para sobreviver. Durante três décadas manteve-se um lugar
esquecido e envergonhado. Em 2020, parecia que a cidade ia sair da letargia, com o anúncio de um faseado plano de recuperação. Contudo, a ambição esbarrou com os elevados custos e a maior parte dos projetos ainda não saiu do papel. Por enquanto, prevalece um tumulto de abandonos, ocupações caóticas, entradas aleatórias, cercas
e andaimes. Não se pode apreciar o esplendor do passado nem a renovada
vitalidade que se aguarda. Nesta perspetiva, o visitante terá chegado tarde ou demasiado cedo. Hoje, apesar da recuperação de alguns edifícios e do turismo termal ter regressado (ainda em reduzido número), Tskaltubo continua a ser um lugar essencialmente para quem gosta de andar a pé e explorar locais abandonados.
Estação de caminho de ferro.
Interior da estação de caminho de ferro.
Hotel Aia I, ocupado por refugiados.
Rés-do-chão. Hotel Aia II.
Mosaico soviético em detalhe. Hotel Aia III.
A natureza no rés-do-chão. Hotel Aia IV.
No bosque central de Tskaltubo I.
Dos nove balneários que existiam apenas três estão recuperados. O n.º6 é o mais interessante.
No cimo, há um friso de Estaline com o povo. No interior, prestam-se vários serviços médicos: consultas, tratamentos, massagens e banhos.
A piscina exclusiva de Estaline, numa ala do balneário n.º 6. Na receção, deram autorização e uma enfermeira de serviço indicou-me o caminho.
O balneário n.º 8 parece um ovni abandonado.
No bosque central de Tskaltubo II.
Sanatório Medeia I. Sem vigilância, entrada livre.
Sanatório Medeia II.
Sanatório Medeia IV. Encontrei um casal de refugiados no quarto da direita. Cumprimentei-os com um "Dobry den" e segui o meu caminho.
Sanatório dos Metalúrgicos I, ocupado por refugiados. Apareceu um indivíduo com um cão maldisposto. Recusei pagar para entrar.
Sanatório dos Metalúrgicos II. Após uma breve "conversa" numa língua impercetível para ambos, deixou-me fazer uma fotografia do átrio.
Exterior do Sanatório dos Metalúrgicos III.
Sanatório Gelati I. Abri a porta, entrei e fugi de seguida ao ser atacado por um cão. Por sorte, apareceu um segurança de uma empresa privada que acalmou o animal e convidou-me, por gestos, a entrar.
Sanatório Gelati II.
Sanatório Gelati III.
Sanatório Gelati IV.
Sanatório Geologia, habitado por refugiados.
Sanatório Tbilisi em obras, conhecido pelos grifos dourados. O empreiteiro não me deixou entrar.
Pausa para almoço no Magnólia, o principal restaurante de Tskaltubo, recuperado em 2019.
À mesa, uma foto dos bons velhos tempos.
Salada, limonada e pavlova (doce de claras, com creme de pistácio e frutos do bosque).
Ao lado, o restaurante Nektari já teve melhores dias.
Exterior do antigo edifício dos correios.
Interior do antigo edifício dos correios.
O interior do balneário n.º 5 parece um cenário do filme "Stalker", de Tarkovsky.
Aviso no balneário n.º 5.
O
balneário n.º 5 está quase todo rodeado por arbustos.
Hotel Savane I. Vigiado por um segurança que tinha medo que eu colocasse os pés para lá das escadas.
Hotel Savane II, dominado por heras.
Instituto de Pesquisa (responsável pelo controlo da qualidade das águas) entregue à sua sorte.
Sanatório Imereti I. O segurança viu-me, não disse nada e eu entrei.
Sanatório Imereti II.
Sanatório Imereti III.
Sanatório Imereti IV.
Sanatório dos Mineiros I. Após a recusa inicial, os seguranças deixaram-me entrar. Pela sua dimensão, foi o mais impressionante.
Sanatório dos Mineiros II.
Sanatório
dos Mineiros III. As escadas na perspetiva ascendente.
Sanatório dos Mineiros IV. As escadas na perspetiva descendente.
Sanatório Iveria está rodeado por uma cerca. Dos principais, foi o único que nada vi.